terça-feira, 7 de agosto de 2012

Contra moinhos de vento .... marchar!

Esta é uma história que merece atenção e acompanhamento.
Se o empresário Alexandre Alves conseguir realmente arrancar e aguentar o funcionamento das unidades industriais sobre células e paineis solares, será de se lhe tirar o chapéu. Ainda por cima sem apoios do Estado. Que o projeto é muito ambicioso e que o processo tem sido muito atribulado, isso já era conhecido.
Mas os últimos acontecimentos surpreendem e sugerem um nível de manipulação e propaganda nos media, por parte do governo, que arrepia. A noticia primeiro punha o governo, em particular os ministros da economia e dos negócios estrangeiros, como grandes justiceiros contra a grande vigarice empresarial e falsos projetos megalomanos financiados com fundos de apoio. Em tempo de poucas noticias, deu grandes parangonas. Alguém que tinha a coragem de se virar contra os vigaristas - um discurso subliminar que este governo gosta de passar, mas pouco de cumprir: "vão devolver o dinheiro, e com juros e tudo!", proclamaram aos quatro ventos.
Pouco depois vem o AICEP desmentir o governo: afinal tal projeto nem um centimo tinha recebido de apoio!!!. E com isso confirma as declarações anteriores do empresário, e desmente os ministros. Do fio da história tornada publica é facil de perceber que entre AICEP e empresário devem ter existido guerras, e que os atrasos do investimento tiveram ai um papel. A história de que o empresário não entregou os papeis por não confiar (ou porque não os tinha?) é patética. Mas isso não invalida a manifesta tentativa de manipulação da opinião pública contra o empresário.
Por isso valerá a pena acompanhar os próximos capítulos. Se contra ventos e marés, estes investimentos ambiciosos vierem a acontecer - o empresário fica redimido de passados menos brilhantes (lembram-se da FNAC?). Quem dificilmente pode ficar bem na fotografia será este governo e estes quixotescos ministros que avançaram com toda a garra e com toda a fúria contra moinhos de vento, e disso se vieram  vangloriar para os media. Fica uma dúvida: quem foi o D. Quixote e quem foi o Sancho Pança de serviço? Ou já nem Sanchos por lá existem dignos desse nome?

Update: noticia no Expresso online.

Update 2 (13 agosto 2012) : Perante o "flop" do caso, o poder parece ter arranjado alguém para fazer o frete e tentar uma manobra de distração (ver aqui, aqui e aqui). Para isso recorreu a Zita Seabra, uma dos casos chocantes de futilidade e de falta de coerência na intervenção política das últimas décadas. Que Zita Seabra se preste alegremente a isso, apenas confirma a sua falta de espessura.